Interpretação e Compreensão de Textos
A interpretação é um processo essencial para o aprendizado da língua portuguesa, uma vez que implica não apenas na compreensão como na análise profunda e detalhada de diferentes gêneros textuais tanto no âmbito acadêmico quanto no cotidiano. Ademais, para uma boa interpretação textual é necessário possuir um bom repertório sociocultural acerca de distintos assuntos e um domínio considerável da língua como um todo.
A interpretação é um processo essencial para o aprendizado da língua portuguesa, uma vez que implica não apenas na compreensão como na análise profunda e detalhada de diferentes gêneros textuais tanto no âmbito acadêmico quanto no cotidiano. Ademais, para uma boa interpretação textual é necessário possuir um bom repertório sociocultural acerca de distintos assuntos e um domínio considerável da língua como um todo.
Através da interpretação textual será possível:
1. Relacionar conhecimento prévio sobre determinado tema com a leitura realizada, a fim de um melhor entendimento do texto de maneira geral.
2. Ampliação da bagagem cultural do indivíduo, visto que após ler o texto ele aumentará ainda mais seus conhecimentos de mundo.
3. Desenvolver pensamentos críticos e pessoais sobre o conteúdo lido, gerando novos questionamentos e reflexões nos leitores.
Compreensão X Interpretação
Geralmente, ocorre uma grande confusão em relação ao que de fato seria compreender um texto e interpretá-lo, fazendo com que muitas vezes essas ações tornem-se equivalentes uma da outra, ou seja, para muitas pessoas compreensão é sinônimo de interpretação. Contudo, esses dois processos apesar de estarem relacionados com a leitura em si, não significam a mesma coisa.
Compreensão
Compreensão: compreender um texto é entendê-lo de forma geral após sua primeira leitura, já que depois dela será possível empreender, resumidamente, as principais ideias do texto de modo objetivo, identificando o que está explícito no conteúdo. E para uma boa compreensão textual é preciso, em linhas gerais, saber o básico tanto dos conteúdos ligados a morfologia quanto da análise sintática, uma vez que essa ação envolve um olhar mais detalhado dos fragmentos externos do texto.
Frases como “ de acordo com ...”, “ o texto sugere que...” são muito comuns em questões que pedem para você compreender e entender o que lê.
Interpretação
Interpretação: É o ato de ir além do que está explícito no texto, isto é, inferir ou deduzir novas informações baseado nos conteúdos lidos após uma segunda leitura de um determinado texto. E para isso, o leitor precisa ter um bom conhecimento prévio sobre a temática abordada no que foi lido para que assim possa fazer considerações relevantes sobre o tema do texto sem extrapolar muito nas ideias relacionadas a ele.
Sentenças como “ conclui-se que...”, “ Pode ser concluído que...” são muito comuns em perguntas que pedem para você interpretar o que leu.
Como compreender e interpretar um texto?
a) Identificar as ideias principais do texto, analisando parágrafo por parágrafo.
b) Descobrir o principal objetivo do texto em questão para futuras inferências em relação ao conteúdo lido.
c) Analisar a linguagem do gênero textual apresentado, a fim de situar o texto em um determinado contexto para identificar as verdadeiras intenções do autor ao empregar determinado grau de formalidade ou informalidade, palavras ou expressões entre outras estratégias linguísticas.
d) Parafrasear o texto, isto é, dissertar com suas palavras as principais ideias do texto.
e) Sublinhar tudo o que você julga ser importante ou relevante para um melhor entendimento da leitura em questão.
f) Adquirir o hábito de leitura para se acostumar com diferentes gêneros e tipos textuais com distintas temáticas e formatos.
EXEMPLOS
“A maior alegria do brasileiro é hospedar alguém, mesmo um desconhecido que lhe peça pouso, numa noite de chuva.”
(Cassiano Ricardo, in O Homem Cordial)
1. Segundo as idéias contidas no texto, o brasileiro:
- põe a hospitalidade acima da prudência.
- hospeda qualquer um, mas somente em noites chuvosas.
- dá preferência a hospedar pessoas desconhecidas.
- não tem outra alegria senão a de hospedar pessoas, conhecidas ou não.
- não é prudente, por aceitar hóspedes no período da noite.)
RESPOSTA
Primeiramente, é válido destacar o uso do conectivo “segundo” no início da questão, já que esse fato revela que essa pergunta envolve o ato de compreensão, ou seja, analisar o que está dentro do texto. Sabendo disso, o próximo passo seria ler novamente o texto e notar que ,de acordo com o autor, brasileiros sentem-se alegres apenas pelo fato de hospedar alguém, independente da origem da pessoa, sendo ela desconhecida ou não, e ignorando totalmente a cautela e a precaução para fazer isso.
Logo, a resposta correta é a letra A
Passei a vida atrás de eleitores e agora busco os leitores.
(José Sarney, na Veja, dez/97)
2. Deduz-se pelo texto uma mudança na vida:
- esportiva
- intelectual
- profissional
- sentimental
- religiosa
RESPOSTA
A utilização da conjugação do verbo “ deduzir’ no início da questão já mostra que se trata de uma pergunta relacionada a interpretação do texto, isto é, será necessário extrapolar e ir além do que está escrito fazendo inferências ou deduções. As palavras “ eleitores” e “ leitores” revelam que antes o autor era do meio político e que agora mudou para o âmbito literário, ou seja, tornou- se um escritor. Desse modo, a alternativa correta é a letra C.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. (Enem 2017) Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero […].
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
ASSIS, M. A causa secreta, Disponível em: www.dominimopublico.gov.br Acesso em: 9 out. 2015.
No fragmento, o narrador adota um ponto de vista que acompanha a perspectiva de Fortunato. O que singulariza esse procedimento narrativo é o registro do(a)
- indignação face à suspeita do adultério da esposa.
- tristeza compartilhada pela perda da mulher amada.
- espanto diante da demonstração de afeto de Garcia.
- prazer da personagem em relação ao sofrimento alheio.
- superação do ciúme pela comoção decorrente da morte.
2. (Enem 2017) TEXTO I
Criatividade em publicidade: teorias e reflexões
Resumo: O presente artigo aborda uma questão primordial na publicidade: a criatividade. Apesar de aclamada pelos departamentos de Criação das agências, devemos ter a consciência de que nem todo anúncio é, de fato, criativo. A partir do resgate teórico, no qual os Conceitos são tratados à luz da publicidade, busca-se estabelecer a compreensão dos temas. Para elucidar tais questões, é analisada uma campanha impressa da marca XXXX. As reflexões apontam que a publicidade criativa é essencialmente simples e apresenta uma releitura do cotidiano.
Depexe, S D. Travessias: Pesquisas em Educação, Cultura, Linguagem e Artes, n. 2, 2008.
TEXTO II
Os dois textos apresentados versam sobre o tema Criatividade. O Texto I é um resumo de Caráter Científico e o Texto II, uma homenagem promovida por um site de publicidade. De que maneira O Texto II exemplifica o conceito de criatividade em publicidade apresentado no Texto I?
- Fazendo menção ao difícil trabalho das mães em criar seus filhos.
- Promovendo uma leitura simplista do papel materno em seu trabalho de criar os filhos.
- Explorando a polissemia do termo “criação”.
- Recorrendo a uma estrutura linguística simples.
- Utilizando recursos gráficos diversificados.
3. (Enem 2017)
Campanhas publicitárias podem evidenciar problemas sociais. O Cartaz tem como finalidade
- alertar os homens agressores sobre as consequências de seus atos, Conscientizar a população sobre a necessidade de denunciar a violência doméstica.
- instruir as mulheres sobre o que fazer em casos de agressão.
- despertar nas crianças a capacidade de reconhecer atos de violência doméstica.
- exigir das autoridades ações preventivas contra a Violência doméstica.
4. (Enem 2010)
Resta saber o que ficou das línguas indígenas no português do Brasil. Serafim da Silva Neto afirma: “No Português do Brasil, não há, positivamente, influência das línguas africanas ou ameríndias”. Todavia, é difícil de aceitar que um longo período de bilinguismo de dois séculos não deixasse marcas no português do Brasil.
ELIA, S. Fundamentos Histórico-Linguísticos do Português do Brasil. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003 (adaptado).
No final do sec. XVIII, no norte do Egito, foi descoberta a Pedra de Roseta, que continha um texto escrito em egípcio antigo, uma versão desse texto chamada “demótico”, e o mesmo texto escrito em grego. Até então, a antiga escrita egípcia não estava decifrada. O inglês Thomas Young estudou o objeto e fez algumas descobertas como, por exemplo, a direção em que a leitura deveria ser feita. Mais tarde, o francês Jean- François Champollion voltou a estudá-la e conseguiu decifrar a antiga escrita egípcia a partir do grego, provando que, na verdade, o grego era a língua original do texto e que o egípcio era uma tradução.
Com base na leitura dos textos conclui-se, sobre as línguas, que:
- cada língua é única e intraduzível.
- elementos de uma língua são preservados, ainda que não haja mais falantes dessa língua.
- a língua escrita de determinado grupo desaparece quando a sociedade que a produzia é extinta.
- o egípcio antigo e o grego apresentam a mesma estrutura gramatical, assim como as línguas indígenas brasileiras e o português do Brasil.
- o egípcio e o grego apresentavam letras e palavras similares, o que possibilitou a comparação linguística, o mesmo que aconteceu com as línguas indígenas brasileiras e o português do Brasil.
GABARITO
1.D - 2.C - 3.B - 4.B
Referências:
AQUINO, Renato. Interpretação de textos - Teoria e 800 questões comentadas. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006